Capítulo 1
O João não se lembrava da coroa de prata do Espírito
Santo ser tão pesada. Já lhe magoava a cabeça. Pedindo
a Nosso Senhor que a coroa não caísse, segurou-a com
dois dedos da mão direita e ajustou-a um pouco. Na
mão esquerda trazia o ceptro de prata. A freguesia inteira
esperava o começo da procissão em frente de Nossa
Senhora das Neves, a igreja paroquial do Norte Grande,
na ilha de São Jorge nos Açores. As paredes caiadas ao
estilo do século XVIII brilhavam com a intensidade do
sol naquele dia ventoso de Maio. Tanto as raparigas
como as senhoras traziam os melhores vestidos floridos
e rodados, que seguravam com as mãos para que o vento
não os levantasse ao ar. Os homens e os rapazes trajavam
calças escuras e camisas brancas. O João e outros meninos
também iam de casaco e gravata. Tudo isto era fora docomum para este jovem de dez anos. Apesar de sentir-se
atordoado por estar no meio de todos, o João sobressaía
com gosto, saboreando a atenção que recebia. Ao lado
encontrava-se o seu primo que, com alguma inquietude,
levava a insígnia do prato onde se iria colocar a coroa e o
ceptro após a procissão. Os primos pareciam-se bastante,
pois os dois tinham o cabelo preto e encaracolado e
eram mais ou menos da mesma altura de um metro e
meio. Junto deles, surgia uma rapariga que portava uma
bandeira vermelha que abanava ao vento e era bordada
a ouro com uma pomba, o símbolo do Espírito Santo, e
uma coroa que representava a Raínha Santa Isabel.
Era Domingo de Pentecostes, cinquenta dias depois
da Páscoa. A festa era em louvor do Divino Espírito
Santo, a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade e de
Santa Isabel, Raínha de Portugal. Consta que foi ela
quem trouxe a tradição desta festa para Portugal, dando...
O João não se lembrava da coroa de prata do Espírito
Santo ser tão pesada. Já lhe magoava a cabeça. Pedindo
a Nosso Senhor que a coroa não caísse, segurou-a com
dois dedos da mão direita e ajustou-a um pouco. Na
mão esquerda trazia o ceptro de prata. A freguesia inteira
esperava o começo da procissão em frente de Nossa
Senhora das Neves, a igreja paroquial do Norte Grande,
na ilha de São Jorge nos Açores. As paredes caiadas ao
estilo do século XVIII brilhavam com a intensidade do
sol naquele dia ventoso de Maio. Tanto as raparigas
como as senhoras traziam os melhores vestidos floridos
e rodados, que seguravam com as mãos para que o vento
não os levantasse ao ar. Os homens e os rapazes trajavam
calças escuras e camisas brancas. O João e outros meninos
também iam de casaco e gravata. Tudo isto era fora docomum para este jovem de dez anos. Apesar de sentir-se
atordoado por estar no meio de todos, o João sobressaía
com gosto, saboreando a atenção que recebia. Ao lado
encontrava-se o seu primo que, com alguma inquietude,
levava a insígnia do prato onde se iria colocar a coroa e o
ceptro após a procissão. Os primos pareciam-se bastante,
pois os dois tinham o cabelo preto e encaracolado e
eram mais ou menos da mesma altura de um metro e
meio. Junto deles, surgia uma rapariga que portava uma
bandeira vermelha que abanava ao vento e era bordada
a ouro com uma pomba, o símbolo do Espírito Santo, e
uma coroa que representava a Raínha Santa Isabel.
Era Domingo de Pentecostes, cinquenta dias depois
da Páscoa. A festa era em louvor do Divino Espírito
Santo, a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade e de
Santa Isabel, Raínha de Portugal. Consta que foi ela
quem trouxe a tradição desta festa para Portugal, dando...